segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Caras como Eu




Gosto de contar casos que se passaram comigo, gosto de falar de mim, da minha vida, dos meus filhos, dos meus amigos e dos meus amores e quando começo os meus filhos ficam logo por perto e começam a fazer perguntas, ai eu me solto e lá se vai conversa.... São filhos, netos e bisnetos todos querem saber minhas histórias. Agora estou tendo a oportunidade de passar essas histórias para o Blog e muita gente tem gostado bastante. Já tô convencido que: “....Caras como eu estão ficando Raros....” (trecho da música de Tony Bellotto).


No Sertão do Ipanema
Nasceu um homem famoso
Bonito e caprichoso
Delicado sem maldade
Nunca falava zangado
Tudo era brincadeira
Sua noiva era faceira
Dona do novo lar
E a quem você perguntar
Todos vão lhe afirmar

PACÍFICO
Eu me chamo de Pacífico
Me livro de toda trama
Sempre me acho bacana
Vivo sempre correndo
Levo um livro estudando
Não fico nunca perdido
Prá lei eu dou ouvido
E não favoreço bandido

Do mar gosto de pescaria
Do povo só o diferente
Gosto da boa gente
Das moças admiro o sonhar
Na vida vou atrapalhando
Mas sempre vou levando
Não quero ser enxerido
Prá lei eu dou ouvido
E não favoreço bandido

Sou muito amoroso
Converso o que me convém
Se te chamar vou também
A vida vou sustentando
No leme sempre remando
Não sou muito enxerido
Não trago ninguém iludido
Prá lei eu dou ouvido
E não favoreço bandido

Na praia sou diferente
Gosto é do sol quente
Dispenso só a aguardente
Fico só olhando a mulher
Quero só se ela quiser
Não tolero situação violenta
Isso é coisa ultrapassada
Prá lei eu dou ouvido
E não favoreço bandido

Na Itália fui brigar
Levei todo carrancismo
Vivo de improviso
Nada eu deixo prá lá
Não sou ruim nem desordeiro
Só ando muito ligeiro
Não lembro nem de comer
Mas não esqueço você

DAS LAVAS A POESIA

Eu morei lá no sertão
De Santana do Ipanema
A vida era um dilema
Naquela época passada
O matuto era jogado
No sertão ignorado
Só Deus olhava por ele
Tudo arrepiava
Era dura a vida que levava

Não nego a minha origem
Não sinto raiva de ninguém
Nasci prá querer bem
Faço versos eu retrato
As idéias andam a jato
Como se fosse avião
João Pacífico é meu irmão
José,Jonas, Toinho e Sebastião
Ao todo cinco que são
Nunca me desmentirão
Que não faço a magoa refém
Pois nasci prá querer bem

Repentista é um vulcão
Das lavas faz poesia
Quando falo e só de alegria
E meu coração se desmancha
Tanta felicidade ninguém alcança
A vitória que o poeta traz
E a vida lhe dando mais
Esquece a vida na cruz
O candeeiro sem luz
So lembra o bom que a vida produz

MENINO HOMEM

Menino pobre do mato
Nascido no chão rural
Nunca perdi a moral
Nunca pedi a ninguém
De Alagoas sou também
Eu sempre andava só
Era como o poeta dizia:
Minha maleta era um saco
Meu cadeado era um nó

Fui brabo hoje sou manso
Amansei garrote brabo
Dormia em rede rasgada
Fumava cigarro de palha
Arrancava a barba sem navalha
Bebia água na cabaça
Pegava rolinha no laço
Não era criado com vó
Era como o poeta dizia:
Minha maleta era um saco
Meu cadeado era um nó

Minha vida desandava
Meu xodó ia embora
Nunca respeitava a hora
Sempre via o dia nascer
A noite era um prazer
A tarefa estava feita
E eu na frente sem dó
Era como o poeta dizia:
Minha maleta era um saco
Meu cadeado era um nó

Lampião carrasco da cidade
E eu tinha pouca idade
Já dormia assombrado
O medo era demais
E eu já era rapaz
Fugia para o serrado
Meu Pai mais equilibrado
Desatava este nopró
Era como o poeta dizia:
Minha maleta era um saco
Meu cadeado era um nó

SOU MAS ME LEVE NO CORAÇÃO

Sou carrasco do sertão
Moro em qualquer lugar
Não sou gente popular
Só se der a sua mão
Levo a vida no serão
Peço prá você me dá
Sem você pestanejar
Me leve no coração
Sem nenhuma perturbação
Na várzea sou plantação
No mundo eu sei viver
Está tudo no meu querer
Na capital sou valente
Dou pisa em muita gente
Amarro todos no tronco
Durmo mas eu ronco
Nem que a vida dê um nó
De você não tenho dó

MEU PENSAR

Quando eu pensava na vida
Não deixava ninguém falar
O mais que fazia era pensar
Esperava a porca roncar
Fazer só o que eu mandar
Esperar o meio dia
Conforme o povo queria
A minha roupa apertava
E se a alguém perturbava
Eu chorava e corrigia

PREPAREI E VI

Preparei uma nuvem e fiz chover
Preparei a estrada para andar
Preparei o roçado prá trabalhar
Tudo que preparei deu certo
Eu andei pelo deserto
Vi tudo que o mundo tinha
Andava sempre na linha
Ensinava a todo mundo
Meu ensino era profundo
Meu amor era sagrado

Vi no mundo outra feição
Vi o que ele tinha prá dá
Vi um povo singular
Não sei como aconteceu
Mas nada eu via de baixo
Andava no mesmo passo
Não vendo só a água que corre
Mas aonde ela começou

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