sábado, 21 de agosto de 2010

VERSOS SOBRE A MORTE DE LENIRA - 1986


Perdi minha 1ª esposa, mãe de meus filhos, de uma maneira inesperada, ela tinha 56 anos e eu a pouco tempo me havia aposentado e diminuído minha vida frenética de muito trabalho. Começavamos a ter uma vida melhor. Foi um golpe muito forte e pensei que não conseguiria suportar, perdi 12 kilos e foi difícil sair da tristeza profunda que se abateu sobre mim. Foi nesta época que pude contar com meus filhos,meus parentes e amigos que me ajudaram a continuar a ver a vida de frente e a ser feliz com o que Deus havia me reservado. Estes versos narram como eu me senti, o que aconteceu e cita algumas pessoas que estiveram ao meu lado nesta ocasião.

VERSOS SOBRE A MORTE DE LENIRA - 1986

No dia oito de Julho
As cinco horas que eram
Vi chorar meu coração
Pensando naquela bela
Foi embora meu amor
Eu fiquei com tanta dor
Pensando no nome dela

Realmente as três e trinta
Da tarde aconteceu
Fui avisado e corri
Mau o tempo não me deu
Dez minutos de perigo
Queria falar comigo
Na hora que faleceu

Hoje estou sofrendo
Meu coração não parou
Quando fui chegando em casa
Minha filha me agarrou
Não acreditei na parada
Para mim era piada
Porém Deus foi quem levou

As cinco cheguei em casa
Sem saber o acontecido
Chamei de longe Lenilza
Correndo falou comigo
Fui cercado de carinho
O meu compadre vizinho
Chorando causou perigo

Lenice foi quem me disse
Vá depressa ao hospital
Titia Nena está lá
Eu não sei como ela tá
Minha mãe já faleceu
Agarrou na mão de Deus
E nunca mais ela cai

Marcinho o meu amigo
Ligeiro me levou lá
Quando entrei pelo portão
Sylene veio me encontrar
Foi na porta da saída
Que ela perdeu a vida
Antes mesmo de chegar

Quando fui chegando lá
Sylene ficou assim
A coisa não era boa
Ficou ainda mais ruim
Nena com inteligência
Pediu a Deus paciência
E chorou perto de mim

As lágrimas que derramei
Na garganta deu um nó
Pensando de hoje em diante
Ia porém viver só
Era apenas a certeza
O choro da natureza
Molhou quase um lençol

Começou a minha luta
Andando de lá pra cá
Maria minha sobrinha
De Santana vai chegar
Vi Salete aparecendo
E Bernadete querendo
Apenas me consolar

Dei um pulo e vim em casa
Fazer a comparação
Foi quando encontrei chorando
A queridinha Assunção
Ela veio com Vanildo
Um homem manso e pacato
Daquele alto sertão

As meninas de Helena
Com seus jeitos singular
Vieram de Maceió
Apenas prá me ajudar
Aproveito e lhe digo
O meu irmão tão amigo
Também Deus levou prá guardar

Elas ainda com tanta dor
Pensando porém em mim
Viajaram com coragem
E não acharam tão ruim
Isso foi o que aconteceu
Para dar aquele adeus
Naquela tarde sem fim

A minha comadre Carminha
Que nunca se faz de vencida
Ela estava viajando
Para o lado da Paraíba
Quando soube veio chorando
Perdi a amiga querida

Lenira, Nira ou mãe Nira
Assim todos a chamavam
Quando falando nela
Os meus olhos lacrimejavam
Eu aguentando tudo
E um desgosto profundo
Quando o seu nome falava

A minha vida mudou
Não tem ninguém ao meu lado
Vocês todos já sabiam
Que fui louco apaixonado
Ela tinha uma mania
Fazer o que eu pedia
Tudo do meu agrado

Se nunca fui ciumento
Porque não tinha motivo
Uma santinha daquela
Só queria me ver sorrindo
Foi assim a nossa vida
Uma pessoa querida
Que todos podiam ver

Antônio de Bernadete
Toda barra segurou
Zarpando lá de Santana
A todos comunicou
Todos vieram ao meu encontro
Todos num só pranto
Quatrocentos quilometros não distanciou

João de Salete também
Me disse depois eu vou
Não se conformava coitado
Para mim logo telefonou
Isso foi antes das oito
Para me dá seu conforto
E assim me confortou

Toinho meu irmão
Disse a Maria que ia
Zé Pacífico meu amigo
Chorando lá da Bahia
Telefonou avisando
Com palavras me animando
Era tudo que eu queria

Agradeço a todos vocês
Não pago a gratidão
Todos vocês me são caros
Só sinto pela solidão
Perdi a minha querida
Desgastei a minha vida
E fiquei sem solução

Minha inesquecível esposa
Lhe procuro em toda parte
Embora esteja sabendo
Que foste lá para o alto
Vivo na ilusão
Mas peço prá Deus perdão
De não ter conformação

Meu amor vou lhe pedir
Porém não sei como digo
Você não deve tá longe
Mas não quer falar comigo
Onde estás não é ruim
Telefone ao menos prá mim
Procure o seu amigo

A todos agradeço
Não falo em nome vão
Aos parentes e amigos
Que Deus lhes dê a benção
É tudo que vou fazer
Porém não posso esquecer
Da minha esposa padrão

Se pudesse falar com ela
Nem que fosse no Japão
Pediria ao bom Jesus
Que ela me mandasse um cartão
E eu ia até lá
Para logo lhe abraçar
E beijar a sua mão

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