segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Gu e Belle



Simone e Sibelle filhas de Nena e Tadeu(Meu grande amigo) apesar de serem minhas sobrinhas nasceram ao mesmo tempo que meus netos elas me chamam vozinho e eu me sinto o avô delas também. Simone nasceu primeiro, dois anos depois veio Danyelle e com mais dois anos veio Gustavo de Lenilza no dia 13 de Dezembro e no outro dia chegou Sibelle. E quando os pais iam trabalhar a Creche “Pacífico em alta voltagem” funcionava até a noite, bons tempos.E mais versinhos........ Aproveitei para postar uma foto minha com Roberto e Tadeu.

Agora no fim do ano
Previsto a escalação
O mês que Cristo nasceu
O homem da salvação
Assim também como eu
A glória que Deus me deu
Tudo porém é meu
No coração eu lhe digo
Nascer no mês de dezembro
Está fora de perigo


SIMONE foi a primeira
Adotei quando falei
DANYELLE a segunda
Entre as duas eu estarei
Assim disse o terceiro
Sou homem forte e guerreiro
Por sinal bom brasileiro
SIBELLE gritou ligeiro
Eu tenho bom coração
Não tenho medo da chuva
Eu vim prá fazer canção

Brotou uma rosa amarela
Quando GUSTAVO nasceu
SIBELLE em formosura
No outro dia apareceu
O sol que estava quente
Num momento amorneceu
Os pecadores da terra
Deixaram de pedir guerra
A vaca que sempre berra
No oriente falou
Agradecendo a Jesus
A graça que ele mandou

GUSTAVO

Eu nasci da oliveira
Da flor que Cristo cheirou
Do amor que papai teve
Quando mamãe chegou
Sentia tanto desejo
Porém garanto que vejo
Aquele bonito beijo
Como faz o beija-flor
Que beija por alimento
Papai beija por amor

Nasci do botão da rosa
Surgi do cheiro da flor
Cheguei e quero um cantinho
Carinho eu dou por amor
Meu coração está cheio
Mamãe é tudo que creio
E tudo também que leio
No ventre que me gerou
Só papai pode dizer
O segredo do amor

No sono da madrugada
No silêncio da manhã
Sonhando vejo de longe
O canto do jaçanã
Nos olhos da mãe amada
Que vejo toda gamada
Com sua roupa dourada
Que vive me acalantando
Sorrindo de alegria
E muitas vezes cantando

Agradeço ao Senhor Deus
Que deu oportunidade
Uma vida aqui na terra
Que tinha tanta vontade
Me deu um céu tão bonito
Um anjo prá meu espírito
Essa hora foi bendita
Assim diz o vovô
Não vá esquecer de mim
Que inocente que sou

Porém na maternidade
Um hora de valor
Enquanto mamãe chorava
Sentindo aquela dor
Muita gente pelo dia
Rezando a ave-maria
Todos assim faziam
Comprovando a nossa fé
Foi assim que Deus falou
Na barquinha de Noé

Quando Cristo nasceu
Na manjedoura em Belém
Apareceu a estrela
Anunciando alguém
Eu também quando cheguei
O meu nome anunciei
A nova estrela beijei
Lhe digo com atenção
Foi nos braços da mamãe
Que senti esta emoção

O meu nome é GUSTAVO
Menino Deus de amor
Eu nasci da inteligência
Do frio e do calor
Nasci só e vou cantar
A minha sorte rimar
Prá doutor vou estudar
E falo de coração
Vou falando e vou crescer
Cantando minha canção

Na era atômica nasci
Os homens não têm paz
O pecado está crescendo
Saúde ninguém tem mais
Só peço a Deus socorro
Que papai nunca mais morra
Embora que o tempo corra
Deixando tudo no chão
Ficando eu e vovô
Nessa grande união

Sou bonito e sou dengoso
E tenho a quem puxar
Minha mãe carinhosa
Suave no seu falar
A sorte que Deus me deu
Da união saiu eu
O sol que sai já é meu
Não dou ele a ninguém
Vou dizendo a mãe Nira
Se lembre de mim também

Que noite bela eu nasci
No quarto da lua cheia
Na imensidão do oriente
Meu sangue corre na veia
De baixo de um céu bonito
Louvando a Deus meu espírito
Não foi apenas um grito
Que dava na escuridão
Sentindo o peso da vida
Cheguei e peço perdão

Na estrada de Damasco
Por onde Paulo passou
Porém em Jerusalém
Foi onde o Cristo falou
Eu também tão miudinho
Nasci aqui neste ninho
Embora tenha vizinho
Agradeço ao meu Senhor
Eu também sou seu irmão
Mais ele me batizou

Agora estou sabendo
Que o mundo não é nosso
Não nasci no dia doze
Mais o treze já é nosso
Vi muita gente por perto
Vi o meu tio ROBERTO
Já sei que sou muito esperto
Com seis meses vou falar
Só quero que vô me diga
Quantos vêm me visitar

Agora mesmo nasci
Com vontade de andar
Vou saudar a minha gente
E nas estrelas pegar
Vou passear lá em Marte
Nas nuvens passo com arte
Sá faço a minha parte
Porque sou muito pequeno
Mas vou seguindo viagem
Para almoçar lá em Venus

Eu vou lá e volto logo
Porém não posso parar
Vou seguir minha viagem
Papai vai incentivar
Vou pensando e vou dizendo
No livro grande vou lendo
Muita gente está me vendo
Como foi que viajei
Saí tarde e cheguei cedo
Mas no Recife parei

Minha mãe não é Maria
Nem meu pai é José
Mas nasci este Natal
Por causa da justa fé
Foi o mês que Deus deixou
Para o homem ter amor
Vou ficar com mais valor
Digo assim a toda gente
Nascer em setenta e sete
Tem que ser muito decente

SIBELLE

GUSTAVO nasceu terça-feira
Na quarta SIBELLE chegou
Era dia treze e quatorze
Depois que o galo cantou
Tudo aconteceu de manhã
Os dois com roupa de lã
Pouca coisa eu me lembro
Apenas sei que nasceram
No santo mês de Dezembro

Na hora em que nasceram
Estava tudo em paz
Tia LENICE chorando
SIDOCA não ficou atrás
Vovó LENIRA contente
ROGINHO muito valente
Mais vovô no seu repente
Não tem medo de ninguém
Saiu de casa ligeiro
Prá os ver também

GUSTAVO chegou dia treze
Muita gente esperava
SIBELLE foi dia quatorze
A vaga dela tava guardada
Encontrei cheiro de flores
Abracei os meus amores
Porém não quero favores
Somos filhos de doutor
A roupa de GUSTAVO amarela
A de SIBELLE tricolor

Quando SIBELLE chegou
Me chamou logo atenção
Foi dormir no meu quarto
E pegou na minha mão
Pela sua inocência
Tive que ter paciência
Mais TADEU me deu licença
NENA não olhou
Eu dei um beijinho nela
Como deu o beija-flor

LENILZA sempre a primeira
Comigo ela encostou
NENA foi a segunda
Com SIBELLE melhorou
DECINHA chegou também
Começou um vai e vem
Foi ficar um pouco além
Ninguém sabe o que vai dá
Tudo foi na lua nova
Já perto de clarear

Andaram andaram de avião
Porém chegaram sem sentir
Foi no bico da cegonha
Que chegaram até aqui
Não posso ficar calado
Todos ouvem o meu brado
Quase todos ao meu lado
Neste Natal de Luz
Vamos todos festejar
A festa do bom Jesus.

domingo, 19 de setembro de 2010

A Flor e o Amor




Dia 15 foi o casamento de meu neto Daniel e dou minha benção, via blog pois já dei pessoalmente, a ele e a sua esposa Flávia. E ai vai do fundo do baú estes versos que fiz sobre Flor e Amor .

A FLOR

A flor que tanto cheirava
Ainda tem seu esplendor
Só cheira com grande amor
Na esplanada no mundo
O cheiro da flor é profundo
Tenho uma flor prá lhe dá
Não precisa chorar
Uma flor nunca é perdida
É como contar a vida
E fazer o povo acordar

O QUE VALE É AMAR

Na vida tudo passa
Carregue seu amor nos braços
Passe por toda rua
Ela vestida ou nua
Deixe todos procurar
Não se deixe acuar
Não pense em piorar
E tudo só vai melhorar
O que vale é amar

sábado, 18 de setembro de 2010

Da Velhice


A velhice traz muitas limitações e por vezes nos entristece bastante. A cabeça continua a mesma mas o corpo não acompanha. Porém quem faz versos tá sempre acompanhado, às vezes os versos saem tristes e outras vezes a tristeza é satirizada e todos acham graça. Viver sempre é bom mesmo que seja prá conhecer de perto a velhice.


DA VELHICE

Como estou preocupado
Quantas lágrimas derramei
Quantas vezes pensei na vida
Quantas vidas eu criei
Nunca porém me lamentei
Deixei tudo passar
Estou somente a pensar
Na Minha Nobre velhice
Estou pensando só nisso
Deixando a vida voar

Estou vendo injustiça
Criada pelos fora da Lei
Vou pensando outra vez
Deixar tudo como eu quero
Já não faço mais bolero
Vou deixar de outro jeito
Já não me acho perfeito
Trago os filhos dentro do peito
Pois deles eu sou o eleito

Nas coisas boas
Eu quero pensar
De você quero lembrar
Mas quando a memória falhar
Se isto mesmo acontecer
Não esqueça do PêPê
Que procurou merecer
Lembrar sempre de você


ENVELHECER

Para as mulheres to quase cego
Para os homens to cego de verdade
Me sinto um pouco jogado
As pernas não tem mais força
Os ouvidos com pouca ouça
O corpo mais enfadado
Só tenho minha amada
Que me olha de madrugada
Que toma conta de mim
Na minha incapacidade sem fim

Não posso forrar a cama
Acender o candeeiro
Nem trocar o travesseiro
Tão pouco dormir no chão
Não tenho mais preocupação
De tudo que sei fazer
Me sobrou um livro prá ler
Vou prestar toda atenção
Prá não tremer a mão

Se um dia eu descobrir
E do caminho esquecer
Não saio daqui sem querer
Não devo reclamar da sorte
Não ando na Avenida Norte
Para o povo não me ver
Meu caminho é apertado
Só você ao meu lado
E ninguém prá me reconhecer

Vou acender o farol
Farol do meu pensamento
Vou deixar tudo bonito
Ninguém escuta meu grito
Não adianta falar
Todos podem duvidar
A vida num compasso indireto
O velho é um homem incompleto
Não deixa ninguém feliz

Não posso apagar a luz
Não quero ficar no escuro
Com a vida eu passo e juro
Com a idade não sou mais jovem
Só quero que o mundo prove
Se da vida não subi a ladeira
As vezes devagar prá não cansar
Mas sempre a procurar
A felicidade derradeira


ENVELHECER II

Já não enxergo mais bem
Já não vejo como ninguém
Só falta pedir socorro
Mas mesmo assim não morro
Os óculos não têm mais grau
Como fiquei tão mau
O que vem na mente é metade
A vontade se cala
Mas o verso dispara

Não posso nem caminhar
Minha situação é de risco
A vida levo como um capricho
Não faço mais o que quero
Só chego até a porta
Quando alguém vai me levando
Porém vou suportando
Não posso ser tão feliz
Se a idade me diz
Que o homem que tanto fez
Precisava nascer outra vez

Não sei se morrendo vivo
Não sei se vivendo morro
Estou para pedir socorro
O amor vem se quiser
É como toda maré
Tanto faz de noite ou de dia
Só rogo a Virgem Maria
Não faltar nenhum compromisso
Sei que não estou no início
Da vida que Deus me deu

O VELHO E A MULHER MOÇA

O velho com mulher moça
Só vai passar decepção
A moça chama na grande
O velho diz que não
A moça diz: amor vai terminar
O velho só faz chorar
As lágrimas vem ao chão
E o velho: não sou mais aquele
A moça: mas quero ele
Falando sem ter paixão

O velho se aborreceu
Ficou um pouco zangado
Mandou a moça ir embora
Falando meio embolado
O caminho tá todo errado
A moça diz: não é de nada
O pobre velho chorou
A moça: vou lhe chamar de avô
O velho decepcionou
E nas lembranças terminou

O velho e a moça a brigar
O povo só faz olhar
E com toda desgraceira
O velho ficou só na beira
O velho a ninguém deixa ver
A vergonha da moça não querer
E só faz o que ela quer
Prá não lhe chamarem Mané
E o velho só na raiva
Lembrando os tempos passados
Que era o rei dos tablados

O velho vive sem fala
A moça vive a sorrir
Querendo ser meretriz
O velho escanteado
Passa o dia chateado
O dia com seus tormentos
Da vida só os lamentos
O velho perdeu o brilho
O velho não é mais de nada
E ficou sem sua amada

domingo, 12 de setembro de 2010

Saudades


Hoje a saudade é uma coisa muito presente na minha vida. É verdadeiramente companheira. As lembranças de momentos vividos são muito mais frequentes e com elas vêm fatalmente a saudade.

SAUDADE DA MOCIDADE

Quando eu era pequeno
As coisas faltavam no lugarejo
Hoje tenho e não vejo
A vida que nós passamos
Hoje vou sozinho pensando
Vou passando como passo
A vida no passo a passo
Vendo tudo acontecer numa fenda
Não há nada no mundo que me ofenda
Como a falta da minha mocidade

Vou atrás lhe perguntando
O caminho é muito comprido
Levei toda minha vida
Trabalhando sem parar
Na folga escutava o sabiá
Amores de todos nós
Solitário feito aveloz
Bem perto da felicidade
Não há nada no mundo que me ofenda
Como a falta da minha mocidade

Eu atravessei o mundo
Fui até pro oriente
Vi gente muito valente
Me lembro como eu era
Olhava a morena mais bela
Não escondia o pensar
Minha vida a honrar
Não fazia atrocidade
Não há nada no mundo que me ofenda
Como a falta da minha mocidade

SAUDADES DE QUEM AMEI

Eu venho de outros mares
Nas ondas do pensamento
Na corrente dos novos ventos
Buscando da vida momentos
A você eu sempre louvo
Quem quiser pode falar
Eu era e sou singular
Só leio livro de oração
Se pudesse encontrar quem mais amei
Livraria da dor meu coração

Tenho cuidado com a vida
Trago todos em volta
Não esqueço de fechar a porta
Deixo você sempre guardada
E com toda bondade
Não deixo você sair
Não dou conselho vão
Se pudesse encontrar quem mais amei
Livraria da dor meu coração

Passo a vida sem ela
Levo a vida sozinho
Carrego o meu carinho
Só falo prá quem perguntar
Só sei que ela me amava
E no seu coração guardava
Sempre um grande perdão
Se pudesse encontrar quem mais amei
Livraria da dor meu coração

Vivi a vida de parcela
Já fui carreiro de boi
Já carreguei mandioca
Já fiz beiju e tapioca
Já mexi farinhada
Já tangi até boiada
Já imprensei massa na prensa
E foi tudo no sertão
Se pudesse encontrar quem mais amei
Livraria da dor meu coração

SAUDADES DO MENINO

Fui menino de engenho
Levava o gado a pastar
As ovelhas a pastorar
Os bodes a caminhar
As galinhas no seu ninho
Os porcos lá no chiqueiro
O galo lá no poleiro
As rosas no roseiral
Cada qual no seu lugar
Vocês tem que entender
Essa minha filosofia
Tudo passa amanhã outro dia
Não importa com qual ironia

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Do Recife







Vim morar no Recife após a 2ª Guerra. E fui adotado por esta cidade. Cidade linda que me acolheu como filho e como tal hoje eu agradeço. Podemos ver na segunda foto o prédio dos Correios onde trabalhei por 19 anos.
DO RECIFE

Foi aqui em Recife
A Veneza Recifense
Terra de boa gente
Encontrei a felicidade
Nesta grande cidade
Aqui encontrei meu bem
Aqui fui mais além
Aqui encontrei tudo azul
Cidade da América do Sul
Aqui meu primeiro filho nasceu
Prá se sentar como eu
No casarão que é seu
Na grande porta que abria
Da casinha com alegria
Prá receber o que é meu
Moro aqui satisfeito
Vivendo do meu jeito
Tracei meus planos
Nesta cidade pequena
Do Sertão para o Recife
Uma vida esperançosa
Vi moças plantando rosas
Nos jardins sempre mimosas
Os namorados na praça
Recife cantado em prosa
Nos carnavais da saudade
Desta cidade maravilhosa

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

A Vila







Moro na Vila desde que me casei pela primeira vez. Aqui nasceram e foram criados os meus filhos. Boas lembranças. Grandes saudades. Esta arvore maior, ao fundo da primeira foto, fui eu que plantei.
DA VILA – Rua Soares Moreno

Rua Soares Moreno
Lugar de boa moradia
Boas lembranças me trás
Dos tempos que não voltam mais
Tempos de amor começando
Com as crianças brincando
Pé de Acácia querida
Embalando a nossa vida
Em flores banco lilás
Em morada que se planta amor
É como se fosse um avô
Não Guarda as lembranças em vão
As guarda no coração

Sou morador do meu lar
Nessa rua que eu adoro
No bairro onde moro
Todos vão me procurar
E se você não me encontrar
Deixe um recado que vou
Diga que é meu amor
Deixe um bilhete prá eu ler
Diga que quer me ver
E vou logo aparecer

Como a rua está deserta
Por ela não vou passar
Meu amor não vai mais morar
Nessa casa esquecida
Não olho prá ela na ida
Se não eu vou chorar
E sei vou lamentar
Aquela época passada
O pensamento vem de madrugada
E fica até o dia clarear

Como a rua está tão calma
Meu pensamento a vagar
Como eu estou sem linha
Vou procurar uma rainha
Prá coroar no lugar
Andar com amada juntinho
Vestindo roupa de linho
Ninguém vai desconfiar
Em silêncio o coração
Não vai parar de gritar

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Senzala




Certo dia comecei pensar na vida dos negros em suas Senzalas, saudosos de sua Terra, e o que lhes passava na cabeça. Então me veio este pensamento que transformei em versos. As imagens são de Jean-Victor Frond fotografo e pintor francês, o primeiro que documentou o Brasil através de fotografia(Fonte:Google).

SENZALA

Lá na úmida senzala
Sentado na estreita sala
Junto ao braseiro no chão
Entoa o escravo seu canto
E ao cantar correm-lhe em pranto
Saudade do seu torrão

De um lado uma negra escrava
Os olhos no filho crava
Que tem no colo a embalar
E a meia voz lá responde
Ao canto e o filhinho responde
Talvez fingindo escutar

Minha terra é lá bem longe
Das bandas de onde o sol vem
Esta terra é mais bonita
Mas a outra é que quero bem
O sol lá tudo fogueia
Faz em brasa toda areia

Ninguém sabe como é belo
Aquelas terras tão grandes
Tão compridas como o mar
Com suas grandes palmeiras
Embelezando as areias
Queria eu lá estar

Lá todos vivem felizes
Dançam no terreiro livres
A boa gente lá não se vende
Como aqui só por dinheiro
O escravo cala a fala
Porque na úmida sala
Só ele está a pensar

A madrugada logo se instala
O fogo também se apaga
A escrava acaba seu canto
Prá não acordar em pranto
O filho que tá a sonhar

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Sete de Setembro




Por muitos anos desfilei no Desfile de Sete de Setembro aqui no Recife. Posto uma das fotos que tenho de um destes eventos. Era muito emocionante, gratificante o que me deixava bastante orgulhoso. Era o bom da Guerra: Desfilar como “Veterano de Guerra” no Sete de Setembro. Hoje com 89 anos de idade fico impossibilitado fisicamente de desfilar mas aproveito este dia para postar fotos e alguns versinhos sobre meu tempo na Guerra.

DA GUERRA

Sou um herói de primeira
Briguei na guerra do mundo
Levei chicote na bunda
Assim mesmo eu brigava
Tinha dias que eu chorava
De ver o mundo sofrendo
Já estou quase querendo
Voltar para os meus
Pois na terra dos europeus
Só lembro você e eu
Na luta que não tem fim

Sou pessoa patriota
A vida só passa assim
Já estou quase no fim
No meio não vou parar
Na ladeira vou caminhar
Na estrada vou passando
No caminho vou sempre andando
Ninguém tem pena de mim
Não vejo nenhum jardim
Mas vou até o fim
Na luta que me meti


FOI ASSIM – A GUERRA

Cada soldado uma jóia
Que partia para o from
Se despedia dos outros
Partia sem ouvir o tom
O caminhão que levava
Partia de madrugada
Todos sem ver nada
Em total escuridão
Era o começo da guerra
Nas estrelas e no chão

A guerra acabou-se
Com seis anos foi embora
Brasileiros não corriam perigo agora
Saíram correndo eu vi
No bojo a sua história
Todos cobertos de glórias
Toda campanha fizemos
A guerra por fim deixaremos
E ao Brasil partiremos

Da guerra eu posso falar
Fui prá dentro sozinho
Eu e o soldado Joãozinho
Acabou-se o carinho
Que a gente carregava
Bradava a chuva na Itália
Corriam o sangue nas veias
Eu enfim imaginava
E muitas vezes chorava
A terra que aqui deixei

Parti prá guerra de madrugada
Deixei minha mãe sozinha
Nada trouxe nada tinha
Somente a roupa do exercito
Na guerra não há conversa
Tudo corre tudo é pressa
É só com gente ao lado
Deitado no chão molhado
Esperando o dia amanhecer

DO BRASIL

Você está no Brasil
Terra boa e amada
Tem que ser educada
Tem que viver do trabalho
Não viva de quebra galho
Que a vida não é assim
Não viva pensando em mim
Que eu não vou lhe ajudar
Você pode me julgar
Mas eu vou lhe perdoar

Para Júlia




Júlia é minha bisneta filha de minha Dan. Danyelle me deu logo três bisnetos mas ainda tem vaga prá mais, Júnior que o diga. O Felipe foi o primeiro, depois veio o Pedro(Pêpê) e por último a Júlia. São três amores.


Escrevi quando entreguei os versos: "Júlia que Deus te ilumine e te faça muito Feliz. Caminhe sempre no caminho do bem e lembre-se sempre que você tem um bisavô que te ama muito e que estará sempre por perto."


Para JÚLIA MARIA


JÚLIA MARIA eu te amo

És nobre de coração

És a flor da nossa casa

Seu nome já tem certidão

Há dezoito dias nasceste

Nesta terra pitoresca

Que canta no meu coração

Prá mim se aproxima o fim

Mas dentro do meu coração

Uma alegria sem fim



JÚLIA rima com PEDRO

Com FELIPE se transforma em canção

A rua está Feliz

Seu nome todo povo diz

São cinco letras que vão

Uma flor murcha e cai

Para se perder na poeira

No coração de criança

As coisas passam ligeiras




No mundo de fantasia

Estava faltando alegria

E Júlia foi a primeira

No ano que nós estamos

Já perto da primavera

Ouvimos uma criança

O choro era o dela

É nova porém eu digo

Já não me sai do ouvido

O falar desta donzela




No ano de dois mil e um

Dia vinte e três de julho

Chegava como princesa

FELIPE desconfiado

PÊPÊ ficava zangado

Só nunca foi malcriado

Esperando a JUJU


Eu nasci na lua meia

Veja que coisa engraçada

Meu pai se chama Júnior

Minha mãe é muito amada

Um descuido que ele deu

Terminou nascendo eu

Que sou muito delicada

Para Caio







Caio é filho de Juliana, minha Jú, que com muito amor me deu mais um bisneto. E transcrevo agora os versinhos que fiz por ocasião de seu nascimento.

PARA CAIO

Dia vinte e nove
Uma e quarenta e cinco
Do mês de novembro
O dia que minha amada
Trouxe a luz um filho prá proteger
Veio o seu bem querer
No ano dois mil e quatro
CAIO foi para o seu quarto
Chorando prá mãe lhe aquecer
Dizendo logo eu sou é homem
Todos podem vir me ver

CAIO foi escolhido
Do jeito que sua mãe quis
Veio prá ser feliz
Quando o inverno vier
Quando o tempo esfriar
Vamos todos se esquentar
Nesse amor que bem fará
Se SÂNZIO virar refém
Desse amor singular
A alegria vai continuar
Não vai sofrer mais ninguém

CAIO no mundo caiu
Quando uma estrela se abriu
Em toda sua imensidão
Todos se deram a mão
Aguardaram a boa hora
Nesta vida provisória
Toda feita prá receber
Todos ficaram a saber
Que é novo na família
A lua é quem mais brilha
Clareando só prá você

Há se você soubesse
Como você é lindo
CAIO prá mim você foi bem vindo
No novembro passageiro
Sei que você é herdeiro
Herdeiro de mais amor
Você pode ser doutor
Não me engano é verdade
Tendo seus pais ao seu lado
A vida tem outro valor

CAIO meu amigo prá sempre
Não faça de outra maneira
Não é preciso carreira
Ande sempre devagar
Espere que vou chegar
CAIO com toda razão
Se você tiver visão
Nessa vida vai andar
Nunca há de vacilar
Se viver com mansidão

CAIO do outro mundo
Que vieste prá nos visitar
Como criança o amor plantar
Quando o luar aparecer
Você na escola vai ler
Na rua com muita visão
No colégio todos vão
Esperar só por você
Só não pode esquecer
Do vovó sempre bonzão

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Caras como Eu




Gosto de contar casos que se passaram comigo, gosto de falar de mim, da minha vida, dos meus filhos, dos meus amigos e dos meus amores e quando começo os meus filhos ficam logo por perto e começam a fazer perguntas, ai eu me solto e lá se vai conversa.... São filhos, netos e bisnetos todos querem saber minhas histórias. Agora estou tendo a oportunidade de passar essas histórias para o Blog e muita gente tem gostado bastante. Já tô convencido que: “....Caras como eu estão ficando Raros....” (trecho da música de Tony Bellotto).


No Sertão do Ipanema
Nasceu um homem famoso
Bonito e caprichoso
Delicado sem maldade
Nunca falava zangado
Tudo era brincadeira
Sua noiva era faceira
Dona do novo lar
E a quem você perguntar
Todos vão lhe afirmar

PACÍFICO
Eu me chamo de Pacífico
Me livro de toda trama
Sempre me acho bacana
Vivo sempre correndo
Levo um livro estudando
Não fico nunca perdido
Prá lei eu dou ouvido
E não favoreço bandido

Do mar gosto de pescaria
Do povo só o diferente
Gosto da boa gente
Das moças admiro o sonhar
Na vida vou atrapalhando
Mas sempre vou levando
Não quero ser enxerido
Prá lei eu dou ouvido
E não favoreço bandido

Sou muito amoroso
Converso o que me convém
Se te chamar vou também
A vida vou sustentando
No leme sempre remando
Não sou muito enxerido
Não trago ninguém iludido
Prá lei eu dou ouvido
E não favoreço bandido

Na praia sou diferente
Gosto é do sol quente
Dispenso só a aguardente
Fico só olhando a mulher
Quero só se ela quiser
Não tolero situação violenta
Isso é coisa ultrapassada
Prá lei eu dou ouvido
E não favoreço bandido

Na Itália fui brigar
Levei todo carrancismo
Vivo de improviso
Nada eu deixo prá lá
Não sou ruim nem desordeiro
Só ando muito ligeiro
Não lembro nem de comer
Mas não esqueço você

DAS LAVAS A POESIA

Eu morei lá no sertão
De Santana do Ipanema
A vida era um dilema
Naquela época passada
O matuto era jogado
No sertão ignorado
Só Deus olhava por ele
Tudo arrepiava
Era dura a vida que levava

Não nego a minha origem
Não sinto raiva de ninguém
Nasci prá querer bem
Faço versos eu retrato
As idéias andam a jato
Como se fosse avião
João Pacífico é meu irmão
José,Jonas, Toinho e Sebastião
Ao todo cinco que são
Nunca me desmentirão
Que não faço a magoa refém
Pois nasci prá querer bem

Repentista é um vulcão
Das lavas faz poesia
Quando falo e só de alegria
E meu coração se desmancha
Tanta felicidade ninguém alcança
A vitória que o poeta traz
E a vida lhe dando mais
Esquece a vida na cruz
O candeeiro sem luz
So lembra o bom que a vida produz

MENINO HOMEM

Menino pobre do mato
Nascido no chão rural
Nunca perdi a moral
Nunca pedi a ninguém
De Alagoas sou também
Eu sempre andava só
Era como o poeta dizia:
Minha maleta era um saco
Meu cadeado era um nó

Fui brabo hoje sou manso
Amansei garrote brabo
Dormia em rede rasgada
Fumava cigarro de palha
Arrancava a barba sem navalha
Bebia água na cabaça
Pegava rolinha no laço
Não era criado com vó
Era como o poeta dizia:
Minha maleta era um saco
Meu cadeado era um nó

Minha vida desandava
Meu xodó ia embora
Nunca respeitava a hora
Sempre via o dia nascer
A noite era um prazer
A tarefa estava feita
E eu na frente sem dó
Era como o poeta dizia:
Minha maleta era um saco
Meu cadeado era um nó

Lampião carrasco da cidade
E eu tinha pouca idade
Já dormia assombrado
O medo era demais
E eu já era rapaz
Fugia para o serrado
Meu Pai mais equilibrado
Desatava este nopró
Era como o poeta dizia:
Minha maleta era um saco
Meu cadeado era um nó

SOU MAS ME LEVE NO CORAÇÃO

Sou carrasco do sertão
Moro em qualquer lugar
Não sou gente popular
Só se der a sua mão
Levo a vida no serão
Peço prá você me dá
Sem você pestanejar
Me leve no coração
Sem nenhuma perturbação
Na várzea sou plantação
No mundo eu sei viver
Está tudo no meu querer
Na capital sou valente
Dou pisa em muita gente
Amarro todos no tronco
Durmo mas eu ronco
Nem que a vida dê um nó
De você não tenho dó

MEU PENSAR

Quando eu pensava na vida
Não deixava ninguém falar
O mais que fazia era pensar
Esperava a porca roncar
Fazer só o que eu mandar
Esperar o meio dia
Conforme o povo queria
A minha roupa apertava
E se a alguém perturbava
Eu chorava e corrigia

PREPAREI E VI

Preparei uma nuvem e fiz chover
Preparei a estrada para andar
Preparei o roçado prá trabalhar
Tudo que preparei deu certo
Eu andei pelo deserto
Vi tudo que o mundo tinha
Andava sempre na linha
Ensinava a todo mundo
Meu ensino era profundo
Meu amor era sagrado

Vi no mundo outra feição
Vi o que ele tinha prá dá
Vi um povo singular
Não sei como aconteceu
Mas nada eu via de baixo
Andava no mesmo passo
Não vendo só a água que corre
Mas aonde ela começou